Biografia

 

Nome de Nascimento: Raquel Tavares

Data de nascimento: 11 de janeiro de 1985

Terra natal: Lisboa

Primeiro contacto com a música:  a sua família é ligada ao panorama musical.

Anos de carreira:  1997 até ao presente

Discografia: 

  • "Porque Canto Fado", 1999
  • "Raquel Tavares", 2006
  • "Bairro", 2008
  • "Raquel", 2016


"Ó minha mãe, minha mãe,

Ó minha mãe, minha amada,

Quem tem uma mãe, tem tudo,

Quem não tem mãe - não tem nada!

 

O ardinita, o João,

Levantou-se muito ledo

Porque tinha que estar cedo

À porta da redacção.

Trincou um naco de pão

Que lhe soube muito bem;

Antes de partir, porém,

Beija a mãe adormecida

Dizendo: Cá vou à vida

Ó minha mãe, minha mãe!...

 

A mãe, com todo o carinho

Deitou-lhe a bênção, beijou-o

E, depois, aconselhou-o:

«Sempre muito juizinho,

Toma conta no caminho,

Não fumes, não jogues nada...

«Pode ficar descansada!...

Disse ele, para a iludir,

E tornou-se a despedir:

Ó minha mãe, minha amada!...

 

Cruzou toda a Madragoa

Satisfeito a assobiar

Uma marcha popular

Do São João em Lisboa.

Nisto pensou: «É tão boa

A minha mãe!... E contudo

Como a engano, e a iludo

E lhe minto, coitadinha!...

«Gramo» tanto essa velhinha!

Quem tem uma mãe, tem tudo!...

 

Nesse calão repelente

Da gíria da malandragem,

Existe um quê de homenagem

Nessa boquita inocente.

Marcha para o jornal, contente,

Sempre de alma levantada,

E, como o calão lhe agrada

Repete: - «Como eu a «gramo»!...

Tanto lhe quero, tanto a amo,

Quem não tem mãe, não tem nada!..."

"Chamei amor aos dias tristes que o luar me deu aqui

Que o fim do amor, dizem ser mais que um beijo sem adeus

Que trago em mim a luz dos olhos teus

Pois tanto melhor, que seja amor o que me dá, que seja amor

 

Passaste como sempre ao fim da tarde

E como sempre ouvi pelas vizinhas

Dizer, que o nosso amor ainda arde

Que ainda passas por saudades minhas

 

Passaste e eu bem sei que no meu peito

Não há sequer pergunta nem resposta

Em mim passa o silêncio do teu jeito

Como é próprio do peito de quem gosta 

 

Chamei amor aos dias tristes que o luar me deu aqui

Que o fim do amor, dizem ser mais que um beijo sem adeus

Que trago em mim a luz dos olhos teus

Pois tanto melhor, que seja amor o que me dá, que seja amor

 

Colhi algumas rosas no caminho

Talvez me contem hoje os teus cuidados

Na espera eu vou cantando baixinho

Os versos que te prendem nos meus fados

 

E sento-me com as flores no regaço

Não há melhor remédio do que a vida

P’ra dar de vez um fim ao embaraço

P’ra dar lugar ao fim da despedida

 

Chamei amor aos dias tristes que o luar me deu aqui

Que o fim do amor, dizem ser mais que um beijo sem adeus

Que trago em mim a luz dos olhos teus

Pois tanto melhor, que seja amor o que me dá, que seja amor"

"No Largo da Graça já nasceu o dia

Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia

Meu amor de longe ligou

Abençoada alegria

 

Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros

Vão a cirandar como fazem o dia inteiro

Meu amor de longe já vem

Pôs carta no correio

 

Barcos e gaivotas do Tejo

Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar

Meu amor de longe está

Prestes a chegar

 

Talhado para mim

Mal o conheci, eu achei-o desse modo

Logo pude perceber o fado que ia ter

Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças

Tudo a tempo passa, não há nada a perder

Meu amor de longe voltou

Só para me ver

 

Fiz um rol de planos para recebê-lo

Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo

Meu amor de longe há-de vir

Beijar-me no castelo

 

Eu a procurá-lo, ele a vir afoito

Carro dos Prazeres, número 28

Meu amor de longe saltou

Iluminou a noite

 

Vamos celebrar ao Bairro Alto

Madrugada, baile no Cais do Sodré

Meu amor de longe sabe bem

Como é que é

 

Talhado para mim

Mal o conheci, eu achei-o desse modo

Logo pude perceber o fado que ia ter

Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças

Tudo a tempo passa, não há nada a perder

Meu amor de longe voltou

Só para me ver"